A produção de frutas no Ceará é um dos pilares da agricultura familiar, com destaque para o caju e sua castanha, que simbolizam a riqueza agrícola da região. O caju, com sua polpa suculenta e castanha nutritiva, já adaptado ao clima semiárido, oferece uma fonte de renda significativa para os agricultores, sendo consumido in natura e utilizado na produção de sucos, doces e cajuína. A castanha, por sua vez, é valorizada por seu alto valor nutricional e potencial de mercado. Assim, a produção de caju e castanha não apenas impulsiona a economia local, mas também promove a agroecologia e a sustentabilidade, contribuindo para a qualidade de vida das famílias envolvidas.
É nesse contexto que surge a Associação Zé Lourenço, fundada em 2011, que evoluiu para se tornar a COOPALC (Cooperativa Agroindustrial Luiz Carlos), como uma iniciativa transformadora, unindo agricultores familiares em torno de um modelo de produção agroecológica, sem venenos, e que valoriza a qualidade de vida, a geração de renda e a preservação ambiental. Criada em 2011, a cooperativa é um exemplo de como a organização coletiva pode superar desafios históricos e abrir caminho para a comercialização direta e justa.
Francisco Carlos Ferreira Rufino, presidente da COOPALC, destaca a importância desse marco. “Os trabalhadores e trabalhadoras sentiram a necessidade de criar uma cooperativa para agregar valor à produção, deixando de lado a dependência dos atravessadores. A partir daí, criamos uma agroindústria que hoje processa toda a produção das famílias cooperadas, levando ao mercado convencional e institucional produtos com qualidade garantida. Trabalhamos sempre na organicidade coletiva do MST, no aspecto político, social, com a participação de todo o quadro de cooperados. Avançamos muito em novas áreas de produção e na diversidade produtiva.”
Hoje, a COOPALC tem investido em projetos que buscam o aproveitamento integral das frutas, reduzindo desperdícios e ampliando o impacto positivo na comunidade. A instalação de uma linha de produção de cajuína, por exemplo, permitiu transformar 80% do caju em novos produtos, agregando valor à produção e fortalecendo a economia local. Essa iniciativa, aliada ao compromisso com a agroecologia, reafirma o papel da cooperativa como agente de mudança, promovendo o desenvolvimento econômico, a inclusão social e a preservação dos bens comuns da natureza.
Como sócia fundadora da COOPALC, a cooperada Maria de Jesus dos Santos Gomes ressalta que a iniciativa é resultado do debate do MST em sua região sobre a organização dos sistemas produtivos e a formação de cooperativas regionais. “O que me motivou foi a necessidade da gente ter uma estrutura tanto de comercialização dos nossos produtos, justamente da castanha do caju, como também de poder ter uma melhor renda, sendo de fundamental importância o cooperativismo para as nossa vidas”.