A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP) tem sido palco de grandes promessas, mas poucas ações efetivas. Na última edição, realizada no Azerbaijão, a meta de destinar recursos para países em desenvolvimento não foi alcançada.
Agora, com a COP 30 marcada para novembro em Belém do Pará, a expectativa é que a pauta do financiamento climático finalmente avance, colocando o Brasil no centro das discussões.
Para falar sobre esse tema, conversamos com Roberto Rodrigues, professor emérito da FGV e ex-ministro da Agricultura (2003-2006), uma das vozes mais respeitadas do agronegócio brasileiro.
Ele destaca que o evento é uma oportunidade para o Brasil mostrar ao mundo o que já faz em termos de produção sustentável de alimentos, energia e fibras.
“A expectativa é que tenhamos capacidade de organizar o setor privado junto ao setor público para mostrar em Belém aquilo que fazemos com excelência: um agro sustentável”, afirma Rodrigues.
O tema do financiamento climático é central. As edições anteriores da COP definiram que países desenvolvidos deveriam destinar recursos para que os em desenvolvimento pudessem investir em soluções sustentáveis.
No entanto, essa promessa ficou no papel. Em Baku, prometia-se mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano até 2035, mas o resultado final ficou em US$ 300 bilhões, bem abaixo do esperado. Agora, a pressão recai sobre a COP 30 para que haja avanço nesse aspecto.
Rodrigues reforça que, apesar da importância do financiamento, ele é apenas uma base para a transformação real.
“O que importa é a prática, e a prática é composta por ações concretas de mitigação, adaptação, com ciência, tecnologia e iniciativas reais”, ressalta.
O agronegócio brasileiro tem exemplos a apresentar ao mundo. Um estudo do Ministério da Agricultura aponta que o Brasil tem 40 milhões de hectares de pastagens degradadas, sem produtividade pecuária ou agrícola.