No total, cerca 37% das 4,6 milhões de pessoas em Somalilândia e Puntlândia precisam de alguma forma de assistência humanitária. Coordenador humanitário da ONU diz que, com ação preventiva, é possível evitar efeitos “devastadores” da seca, intensificada pelo El Niño.
O principal funcionário humanitário das Nações Unidas na Somália apelou na última quarta-feira (11) por uma ação urgente para apoiar as comunidades afetadas pela seca em Puntlândia e Somalilândia, de forma a evitar uma maior deterioração da situação.
A seca tem impactado vidas e meios de subsistência, agravando uma situação humanitária já desafiadora. Em algumas áreas, de 60 a 80% dos rebanhos foram perdidos, com impacto devastador sobre as famílias que dependem do gado para a geração de renda e alimentação.
“Estou profundamente preocupado com os efeitos devastadores da seca persistente nestas comunidades”, disse Peter de Clercq, coordenador humanitário para a Somália, na sequência da sua recente visita a essas áreas. “Se conseguirmos vacinar o gado e fornecer recursos financeiros e renda para os produtores agora, podemos atenuar o impacto da seca atual.”
Cerca de 385 mil pessoas em Puntlândia e Somalilândia estão em situação de insegurança alimentar aguda, enquanto um número estimado de 1,3 milhão de pessoas estão em risco de insegurança alimentar aguda se não receberem assistência, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
No total, cerca de 1,7 milhão de pessoas – ou 37% das 4,6 milhões de pessoas na região – precisam de alguma forma de assistência humanitária.
Mesmo que as chuvas recentes desse um fim à seca em algumas áreas, a crise continua a ser motivo de grande preocupação, dado o impacto cumulativo de até quatro estações chuvosas ruins em algumas áreas. Se parar de chover antes do final de maio ou início de junho, a situação pode se deteriorar “rápida e profundamente”, disse Clercq.
Em março, o coordenador humanitário lançou um apelo de ajuda solicitando 105 milhões de dólares para aumentar a resposta à seca. A prioridade é fornecer recursos financeiros aos produtores locais para permitir que recuperem seus meios de subsistência. A assistência aos pastores inclui amplo apoio à saúde animal, como vacinas e possível repovoamento no futuro. Os pecuaristas e outros produtores também recebem sementes e máquinas agrícolas.
Durante sua visita à região, Clercq se reuniu com representantes do governo, doadores, parceiros humanitários e as comunidades afetadas para avaliar o impacto da seca atual e a resposta em curso por parte dos parceiros.
A visita também foi parte de uma iniciativa para encontrar soluções para os 1,1 milhão de somalis deslocados por todo o país.
Durante encontro sobre o El Niño na sede da ONU em Nova York nesta semana, o presidente do Conselho Econômico e Social da ONU (ECOSOC) enfatizou a necessidade de reduzir o impacto do fenômeno através da implementação dos acordos internacionais de uma forma coerente, global e que aumente a resiliência.
No encontro, Oh Joon ressaltou que a prioridade imediata deve ser a reduzir o impacto do fenômeno El Niño através da implementação do Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres 2015-2030 e do Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas de uma forma coerente e integrada.
Fonte: ONU Brasil
Foto: PMA/Petterik Wiggers
