Radar IDHM apresenta novos dados de desenvolvimento humano no Brasil entre 2011 e 2014 e mostra que país tem avançado a passos mais lentos

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img001No período de 2011 a 2014, quando os indicadores econômicos deram os primeiros sinais de desaceleração e estagnação, o desenvolvimento humano no Brasil não foi afetado. Isso significa que, nesse período, as pessoas continuaram vivendo mais, estudando mais e até ganhando mais.

Isso é o que demonstra o estudo Radar IDHM, lançado nesta terça-feira (22/11), resultado de parceria entre Fundação João Pinheiro, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e PNUD. O Radar IDHM utiliza informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para monitorar tendências desse Índice nos anos intercensitários. “Nesse radar, estamos lançando 60 indicadores socioeconômicos”, explica o coordenador da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do IPEA, Marco Aurélio Costa.

“Essas informações lançadas hoje são importantes para pontuar a direção do crescimento e a velocidade com que cada indicador caminha, para então desenharmos políticas públicas para melhoria da população”, afirma o presidente da Fundação João Pinheiro, Roberto Rodrigues.

O PNUD tem entre seus principais objetivos contribuir para o combate à pobreza e à desigualdade e o fortalecimento do desenvolvimento humano inclusivo e sustentável. “Para lograr esses objetivos, adotamos a abordagem do desenvolvimento humano, que tem como ideia central o enfoque nas pessoas e na melhoria do bem-estar delas, incluindo dimensões básicas à vida humana, como saúde, educação e renda”, explica o representante-residente do PNUD e coordenador do Sistema ONU no Brasil, Niky Fabiancic.

O leve avanço do IDHM no início da década de 2010 pode estar relacionado com a natureza dos dados considerados (que propositadamente têm sensibilidade diferente ao desempenho da economia) e com a rede de proteção social existente no país. Dessa forma, a população brasileira não sofreu grandes impactos no período devido à robustez dos programas sociais, que ofereceram apoio em dimensões básicas da vida humana, como saúde, educação e renda.

“Apesar dos avanços, temos um longo caminho a percorrer para atingir os objetivos da Agenda 2030”, pontua Fabiancic.

Mesmo mostrando uma tendência positiva, no período de 2011 a 2014, os dados de longevidade e educação apresentaram taxas de crescimento anual inferiores se comparadas com o último período intercensitário (2000 a 2010). Por outro lado, no mesmo período, a renda apresentou taxa de crescimento anual ainda superior se comparada aos anos de 2000 a 2010.

Assim, no período analisado, a proporção de pessoas vulneráveis (com renda domiciliar per capita inferior a R$ 255) decresceu a uma taxa média anual de 9,3% (contra 3,9% no último período intercensitário). Já a proporção de pessoas extremamente pobres (com renda domiciliar per capita inferior a R$ 70) teve decréscimo médio anual de 14% (contra 6,5% no último período intercensitário).

O panorama da desigualdade, por sua vez, continuou apresentando tendência estável, com taxa de de crescimento inexpressiva tanto no período analisado como no período de 2000 a 2010.

Ainda que os dados confirmem as disparidades regionais existentes no país, alguns estados do Norte e Nordeste apresentaram um avanço expressivo no IDHM entre 2011 e 2014: Amapá, Amazonas e Piauí.

No que se refere aos dados de educação, no Brasil, tanto a escolaridade como a frequência escolar cresceram a taxas médias anuais muito inferiores às observadas de 2000 a 2010. Um dos destaques é a estagnação no percentual de pessoas com 18 anos ou mais e ensino fundamental completo que obteve uma taxa de crescimento de 0,5% ao ano (de 2011 a 2014), significativamente inferior ao último período intercensitário, com uma taxa de 3,3% ao ano. Em número absolutos, essas pessoas somavam 60,1% em 2011 e 61,8% em 2014.

Também chama a atenção a taxa de crescimento lenta do percentual de pessoas com 18 a 20 anos com ensino médio completo, de 2,4% de 2011 a 2014 (contra 5,1% de 2000 a 2010). Em números absolutos, esse percentual passou, em 2011, de 48,4% para 52%, em 2014. Na faixa etária de 15 a 17 anos, apenas 61% tinham ensino fundamental completo em 2011. Em 2014, esse número alcançou 65,5%.

Vinte e cinco dentre as 27 unidades da federação (UF) apresentaram tendências de avanços positivos do IDHM-Educação, com destaque para Amapá, Amazonas e Acre, que apresentaram avanço significativo no período analisado. São Paulo, Roraima e Goiás apresentaram as menores tendências de avanço nos dados de educação. Já Sergipe e Espírito Santo apresentaram tendência de estagnação, indicando um quadro de evolução nula entre 2011 e 2014.

O Radar IDHM também permite a avaliação de 60 indicadores para o Distrito Federal e nove Regiões Metropolitanas: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Todas tiveram tendência de aumento do IDHM entre 2011 e 2014, sendo que os melhores desempenhos foram observados nas RMs de Curitiba (0,035), Recife (0,025) e Rio de Janeiro (0,025). Entre as que apresentaram os menores avanços, estão as RMs de Belém (0,006), Fortaleza (0,013), Belo Horizonte (0,018) e São Paulo (0,018). Todas as nove RMs registraram tendência de evolução do IDHM Longevidade, com destaque para Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.

Acessível pelo endereço www.atlasbrasil.org.br, a base de dados completa do Radar IDHM e suas análises têm o objetivo de estimular o desenho e a implementação de políticas públicas que contribuam para gerar avanços na realidade social e econômica do Brasil, com redução das desigualdades socioespaciais e ampliação das oportunidades de inclusão social.

Fonte: Cidades Sustentaveis


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