Em reunião ontem (6) com ciclistas, cicloativistas e servidores de Porto Alegre, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) discutiu alternativas que ofereçam maior segurança aos usuários de bicicleta na cidade. A EPTC apresentou estudos que mapeiam quais as vias onde ocorrem a maior parte dos acidentes envolvendo ciclistas, e sugeriu medidas que poderiam beneficiar os usuários, como a implementação de ciclorrotas e de rotas de ciclistas.
Segundo o órgão, as ciclorrotas seriam colocadas em vias que não fazem parte do Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI), mas que têm tráfego lento, de até 40 km por hora. Já as rotas de ciclistas incluem sinalização provisória em vias que estão previstas no PDCI, mas que ainda não receberam a instalação da ciclovia e cuja legislação permite o tráfego a mais de 40 km por hora.
Nessas ruas, alertou a gerente de Projetos e Estudos de Mobilidade da EPTC Alessandra Both, a modificação é mais urgente, uma vez que é aí que se registra o maior número de acidentes. A reunião com os ciclistas teve o objetivo de ouvir sugestões para a elaboração dos projetos, explicou Both. A EPTC disponibilizou um e-mail específico para receber demandas, o ciclorrotas@eptc.prefpoa.com.br.
Perigo
A implementação consiste na instalação de novas placas de trânsito e de tachões nas ilhas de pedestres, além da pintura do asfalto. A única ciclorrota de Porto Alegre está na rua Saldanha Marinho, no Menino Deus. No entanto, para o cicloativista da Associação dos Ciclistas de Porto Alegre, Pablo Weiss, a medida não é suficiente para garantir a segurança dos usuários, uma vez que, à noite, a falta de iluminação pode inibir os ciclistas.
A avenida Sertório, na zona Norte, é uma das vias citadas pelos ciclistas como uma das mais perigosas. Lá, a EPTC propõe a implementação de uma rota para ciclistas, que consistiria basicamente em uma rota alternativa, permitindo que o usuário desvie do fluxo mais intenso.
Para Weiss, essa ideia não apresenta benefícios, uma vez que o ciclista sempre vai optar pelo trajeto mais curto. “A segurança do ciclista não pode estar vinculada ao trajeto. Isso é um desvio de energia que poderia ser gasto no PDCI”, observa.
A EPTC preferiu não divulgar a lista completa de sugestões, uma vez que nada está definido.
A nova sinalização proposta pela EPTC pede preferência ao pedestre e ao ciclista e também lembra que a distância mínima entre o motorista de veículo e o ciclista é de 1,5 metro.
A representante da Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta, Tássia Furtado, questionou se a implementação das placas virá acompanhada de um trabalho de conscientização dos motoristas. A EPTC garantiu que será feita divulgação na mídia para esclarecer cada sinalização.
Passos lentos
Embora tenha sido apresentada como uma pauta positiva, os cicloativistas se mostraram receosos, uma vez que as obras de ciclovias andam a passos lentos. O PDCI prevê 495 km de ciclovias ou ciclofaixas na Capital. Por enquanto, o município só concluiu 42 km, e a ciclovia da avenida Ipiranga, por exemplo, segue incompleta depois de cinco anos desde o início das obras.
Fonte: Mobilize Brasil