Pobreza está cada vez mais concentrada em grupo de 48 países, alerta UNCTAD

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A pobreza global está cada vez mais concentrada em um grupo de 48 países que estão ficando para trás na comparação com o restante do mundo em termos de desenvolvimento econômico, de acordo com relatório publicado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).

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Em 45 anos desde que a lista dos 48 países menos desenvolvidos (LDCs, na sigla em inglês) foi criada, apenas quatro saíram do grupo após atingir uma série de indicadores socioeconômicos.

A pobreza global está cada vez mais concentrada em um grupo de 48 países que estão ficando para trás na comparação com o restante do mundo em termos de desenvolvimento econômico, de acordo com relatório publicado nesta terça-feira (14) pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).O relatório afirma que a meta global de reduzir o tamanho do grupo de países menos desenvolvidos (LDCs, na sigla em inglês) não será alcançada a não ser que a comunidade internacional tome ações mais efetivas.

A lista inclui Afeganistão, Angola, Bangladesh, Benin, Butão, Burkina Faso, Burundi, Camboja, República Centro-Africana, Chade, Comores, República Democrática do Congo, Djibuti, Guiné Equatorial, Eritreia, Etiópia, Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau, Kiribati, Haiti, Laos, Lesoto, Libéria, Madagascar, Malawi, Mali, Mauritânia, Moçambique, Myanmar, Nepal, Níger, Ruanda, São Tomé e Príncipe, Senegal, Serra Leoa, Ilhas Salomão, Somália, Sudão do Sul, Sudão, Timor-Leste, Togo, Tuvalu, Uganda, Tanzânia, Vanuatu, Iêmen e Zâmbia.

“É nesses países que a luta global pela erradicação da pobreza será vencida ou perdida”, disse o secretário-geral da UNCTAD, Mukhisa Kituyi, no lançamento do documento. “Um ano atrás, a comunidade global concordou em ‘não deixar ninguém para trás’, mas isso é exatamente o que está acontecendo nos países menos desenvolvidos”.

A proporção de pobres no grupo de 48 países menos desenvolvidos mais do que dobrou desde 1990, para bem acima de 40%. A participação daqueles sem acesso a água também dobrou para 43,5% no mesmo período. Esses países agora respondem pela maioria (53,4%) das 1,1 bilhão de pessoas no mundo que não têm acesso a eletricidade, um aumento de dois terços.

Em seis países desse grupo a taxa de pobreza extrema está entre 70% e 80%, e em dez deles esse percentual está entre 50% e 70%. Há apenas quatro outros países no mundo onde a taxa está acima de 30% e em nenhum lugar está acima de 50%.

Isso faz com que o grupo dos países menos desenvolvidos fique numa “armadilha da pobreza”, um ciclo vicioso no qual a pobreza leva à baixa nutrição e saúde, à falta de educação, minando a produtividade e o investimento. Isso bloqueia o desenvolvimento sustentável necessário para reduzir a pobreza.

Os países só poderão quebrar esse ciclo vicioso com apoio internacional em finanças, comércio e tecnologia. A categoria de países menos desenvolvidos foi criada justamente para atrair tal apoio para aqueles que mais precisam.

Os países podem sair da lista ao atingir uma série de indicadores econômicos e sociais. Mas apenas quatro foram retirados em 45 anos desde que a classificação foi criada. Em 2011, a comunidade internacional estabeleceu a meta de reduzir o número de países no grupo até 2020. Mas na metade do caminho, esse objetivo parece estar longe de ser atingido, disse a UNCTAD.

Apenas um país (Samoa) saiu do grupo desde 2011; e outros três (Guiné Equatorial, Vanuatu e Angola) devem fazê-lo nos próximos anos. O relatório projeta que apenas outros 13 países irão se qualificar para sair do grupo até 2021, bem menos que os 21 necessários para atingir a meta em 2020.

As dificuldades em conseguir se retirar do grupo ou atingir o desenvolvimento de longo prazo apontam para a inadequação das medidas de apoio internacional ao desenvolvimento desses países, segundo a UNCTAD.

O relatório pede, então, melhoras em tais medidas, como atingimento das metas de doações para a assistência aos países menos desenvolvidos, mais isenções tributárias para as exportações dessas nações e esforços renovados para acabar com o impasse sobre tratamento especial desses países na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Outras medidas citadas pelo documento são o melhor monitoramento das transferências tecnológicas para as nações mais pobres e a implantação de um processo mais gradual de retirada desses países da lista, para limitar o impacto da perda de apoio internacional uma vez que saem do grupo.

Fonte: Onu Brasil


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