Município goiano de Ipameri troca lixo reciclável por material escolar

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ipameriEm 2014, o Estado de Goiás registrou mais de 90.000 casos confirmados de dengue, sendo o segundo estado brasileiro, naquele ano, com maior número de pessoas afetadas pela doença – ficou atrás apenas de São Paulo, o Estado mais atingido, que apresentou mais de 220.000 casos.

Neste contexto de grave risco à saúde da população, a Prefeitura de Ipameri, uma cidade com pouco mais de 25.000 habitantes situada no sudeste do Estado de Goiás, colocou em prática medidas de combate à dengue.

Em uma parceria – que envolveu a iniciativa privada, a associação local, o Exército Brasileiro e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) – foram desenvolvidas diversas atividades de remoção de resíduos sólidos, recicláveis e não recicláveis, na área urbana.

Dois programas se destacam nessa área: o Dengue Móvel, que troca materiais recicláveis por materiais escolares; e o mutirão Ipameri Contra a Dengue, para limpeza urbana em geral.

As ações continuam ocorrendo todos os anos, antes do período de maior incidência de chuvas e de proliferação do inseto transmissor. A divulgação é feita tanto pelos meios eletrônicos de comunicação da Prefeitura (site e Facebook) como por carro de som, pela mídia local e regional e pelas instituições parceiras.

Inicialmente foram atendidos trinta e sete bairros da área urbana, incluindo o centro. Porém, os distritos de Domiciano Ribeiro e Cavalheiro, situados a cerca de 140 e 50 quilômetros da cidade respectivamente, ficaram fora dos programas. Em 2016, o distrito de Domiciano Ribeiro foi incluído na ação, enquanto o distrito Cavalheiro ainda não foi incorporado.

Além destas duas ações, a Prefeitura de Ipameri tem desenvolvido outras atividades que visam enfrentar o problema da dengue, como por exemplo: investimento em implantação de infraestrutura urbana diretamente relacionada à drenagem pluvial urbana, tal como a pavimentação de ruas e calçadas; gincanas de coleta de resíduos recicláveis, feitas entre escolas e cuja venda de materiais reverte em recursos para as instituições; a aprovação de Lei Municipal 3.010/15, que permite a entrada de agentes de combate à dengue em imóveis particulares não ocupados; e a introdução em reservatórios de água do peixe lebiste (poecilia reticulata), um predador natural das larvas do aedes aegypt e de outros insetos.

Objetivos:

– ajudar famílias carentes a enfrentar o problema;

– sensibilizar e capacitar a população para o saneamento urbano e a preservação ambiental;

– e eliminar os criadouros do inseto transmissor da dengue em todos os bairros da cidade.

Cronograma e Metodologia:

Em parceria com a 23ª Cia. de Engenharia de Combate do Exército (23ª Cia E Cmb), a cidade organizou até 2012 sete mutirões para coleta de resíduos sólidos dispersos no espaço urbano e para eliminar possíveis criadouros do mosquito transmissor da dengue. Realizada anualmente, a ação é chamada de “Ipameri contra a dengue”. O Exército, além de disponibilizar mão de obra para os trabalhos, também fornece equipamentos, como trator e caminhão, usados para remoção e transporte do material coletado.

Nos meses de janeiro e novembro de 2013, a cidade organizou dois mutirões contra a dengue, sendo o de janeiro denominado “Dengue Móvel” e o de novembro “Ipameri contra a dengue”. Ambos foram executados numa articulação entre as secretarias municipais de Saúde e de Infraestrutura, a Funasa e a 23ª Cia E Cmb.

Em sua edição de janeiro de 2013, ocorrida em 37 bairros da cidade, a ação denominada “Dengue Móvel” solicitou que os moradores da cidade recolhessem em suas casas materiais recicláveis como PET, PP, PEAD, latinhas e pneus. Depois, que os conduzissem até um dos pontos de coleta temporariamente montados no município, ao longo dos quatro dias de atividade. Nesta ação os moradores, foram orientados a levar materiais recicláveis para serem trocados por materiais escolares.

Os materiais recicláveis levados pelos cidadãos foram trocados segundo uma tabela definida pela Prefeitura. Por exemplo: 150 garrafas PET ou latas de alumínio eram trocadas por um caderno de 200 páginas; e 50 garrafas PET ou latas de alumínio eram trocadas por uma caixa com 12 lápis de cor.

Na ação de novembro, “Ipameri contra a dengue”, os moradores foram orientados a juntar os materiais que poderiam acumular água e que estavam no quintal e em outras áreas externas das casas, para que os agentes públicos os recolhessem de casa em casa. O exército atuou fornecendo equipamentos e pessoal para a coleta dos materiais.

Em janeiro de 2014 foi realizada a segunda edição do Dengue Móvel. Desta vez, o trabalho foi desenvolvido sem a participação do Exército Brasileiro, mas contou com parceria da Funasa, da Associação Coletar e do Instituto Tucano. Foram montados pontos de coleta em quatro bairros da área urbana da cidade.

Durante o mês de janeiro de 2015 foi realizada a terceira edição do Dengue Móvel, agora em parceria apenas com a Funasa e o Grupo Tucano. Neste mutirão, foram criados quatro pontos de coleta de materiais recicláveis na área urbana do município. Cada ponto esteve ativo para receber materiais em um dia específico, conforme o calendário divulgado pela Prefeitura em seu portal na internet.

Em 2016, também no mês de janeiro, foi realizada a quarta edição do Dengue Móvel, em parceria com Funasa e o Instituto Tucano. Foram montados cinco pontos de coletas na área urbana e um ponto no Distrito de Domiciano Ribeiro, que neste ano foi incluído na ação, ampliando a população atendida e a área de atuação.

Em 2017, no final de janeiro e início de fevereiro, ocorreu a quinta edição do Dengue Móvel, que foi desenvolvido pela Prefeitura, também em parceria com a Funasa, a 23ª Cia E Cmb e o Instituto Tucano. Nesta ação, a divulgação foi feita pela rede social Facebook cinco dias antes do início das atividades, informando os bairros atendidos e as datas para a coleta em cada localidade. Os munícipes foram orientados a colocar na porta de suas casas todo o lixo, para ser recolhido conforme o cronograma.

Resultados:

– Em 2013 foram distribuídos cerca de R$ 2.000,00 em materiais escolares e recolhidos mais de 270 caminhões de lixo;
– Em 2015 a cidade recebeu o prêmio Carta Verde, que foi concedido ao município pela Secretaria Estadual de Saúde de Goiás em virtude do baixo risco de epidemia de dengue. A premiação sugere a manutenção das ações desenvolvidas;
– No mesmo ano (2015) a coleta resultou em cerca de uma tonelada de resíduos;
– Em 2016 mais de duas toneladas de materiais recicláveis foram coletadas, totalizando cerca de 30 big bag de materiais plásticos apenas no primeiro dia;
– Para 2017 a estimativa era de 1.300 quilos de lixo reciclável e foram coletados 1.000 quilos apenas no primeiro dia;
– Os materiais coletados foram destinados à usina de reciclagem da empresa parceira, para a produção de eletrotubos e drenos;
– A sociedade civil se mobilizou para melhor a área urbana e se tornou mais sensível à preservação ambiental;
– Manutenção do baixo número de casos de dengue notificados.

Instituições Envolvidas:

Prefeitura Municipal de Ipameri
Fundação Nacional de Saúde – Funasa
23ª Cia. de Engenharia de Combate do Exército
Instituto Tucano
Empresa Tucano – fabricante de eletrodutos e drenos
Associação Coletar – coleta seletiva e reciclagem de Ipameri

Redação Investvida
Fonte: cidadessustenvaies.org.br


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