A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Ministério do Meio Ambiente lançaram em fevereiro iniciativa que visa a recuperação de terras degradadas, denominada projeto Redeser. As ações começarão no Maranhão, em quatro municípios com alto risco de desertificação — Barreirinhas, Tutoia Matões e Água Doce. Posteriormente, serão estendidas para os estados de Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia e Alagoas.
Segundo o representante da FAO no Brasil, Ala Bojanic, o projeto integra o escopo da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos das Secas. “É essencial recuperar e manter a terra hoje, para garantir comida para o futuro”, declarou.
No Brasil, 16% do território (1,34 milhão de quilômetros quadrados) estão suscetíveis à desertificação. Essa área atinge 1.490 municípios e quase 35 milhões de pessoas, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente.
Bojanic explica que a ideia é envolver comunidade, autoridades estaduais e municipais para que seja possível reverter o processo de degradação de terra, a partir de uma visão apenas técnica, mas também social e econômica. “O projeto deverá trabalhar a geração de renda para as famílias, os direitos das mulheres, dos povos indígenas, de grupos vulneráveis para que assim, seja fortalecida a dimensão social nestas regiões”.
A união dos componentes ambiental, social e produtivo é o foco do Ministério do Meio Ambiente para conter a desertificação no Nordeste. Para isso, serão instaladas Unidades de Recuperação de Área Degradada (URAD), que irão desenvolver ações de manejo dos recursos florestais no âmbito de propriedade (pequenos produtores rurais) e de paisagem rural. Além disso, serão desenvolvidas ações de recuperação das florestas degradadas por meio da implantação de viveiros florestais, treinamento de técnicos de viveiros e fortalecimento de bancos de sementes florestais.
O lançamento do projeto ocorreu durante evento em fevereiro na cidade de Barreirinhas com a participação de representantes de FAO, Ministério do Meio Ambiente, Instituto Chico Mendes de Conservação do Bioma, bem como prefeitos da região, parlamentares e comunidades tradicionais, entre outros.
No total, serão investidos 3,9 milhões de dólares de recursos GEF (Global Environmental Facility), além de uma contrapartida de 18 cofinanciadores: AGENDHA (Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza); APNE (Associação de Plantas do Nordeste); CEPIS (Fundação Parque Tecnológico de Paraíba); FA (Fundação Araripe); FAO; FUNETEC (Fundação de Educação Tecnológica e Cultural); IABS (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade; ICRAF (Centro Mundial Agroflorestal); INSA (Instituto Nacional do Semiárido); MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário); MMA; SEAFDS (Secretaria de Agricultura da Paraíba); SEAPAC (Serviços de Apoio para Projetos Alternativos Comunitários); SEIHRMACT (Secretaria de Meio Ambiente da Paraíba); SEMA (Secretaria de Meio Ambiente de Crato); SEMARH (Secretaria de Meio Ambiente de Alagoas); SEPLAN (Secretaria de Planejamento do Rio Grande do Norte); SFB (Serviço Florestal Brasileiro).