Água suficiente para abastecer uma cidade com quase 800 mil habitantes. Essa é a perda estimada pela Águas de Teresina com o desvio d’água na capital proveniente de ocupações irregulares. Há um ano e quatro meses em operação em Teresina, a empresa diagnosticou também questões relacionadas a vazamentos e fraudes como entraves para a expansão da rede de abastecimento e diminuição de perdas de água tratada que, atualmente, chega a 59%. A meta é a redução para 25% em dez anos.
“Ocupações irregulares tiram água que não foi planejada para aquilo e causa desequilíbrio. Um estudo revela que para cada litro que se coloca em área irregular, sem passar pela rede adequada, se perde outros 6 litros. Uma proporção muito grande. Se multiplicar isso pelo número de famílias que estão em áreas irregulares, você tem uma cidade com 797.137 habitantes que se perde de água só com essa situação. É necessário que haja uma regularização fundiária para que possamos reconhecer os proprietários e investir verbas públicas. Esses casos, talvez, representem a maior fatia das perdas”, relata Pedro Alves, gerente de Sustentabilidade da Águas de Teresina.
Desde que assumiu o serviço na capital, a empresa vem desenvolvendo projetos para diminuir as perdas. Para se ter uma ideia, por mês, eram detectados 6 mil vazamentos que reduziram em média para 4 mil. Em relação as fraudes, que podem ser evidenciadas através de ligação direta, alterações no medidor d’água, entre outros, Pedro frisa que tais condutas estão diretamente ligadas a cultura do “querer levar vantagem”. No mês de setembro, para combater este tipo de crime, a empresa firmou com parceria com a Polícia Civil do Piauí, através Grupo de Repressão ao Crime Organizado no Piauí (Greco).
“Hoje nós perdemos cerca de 59% de tudo o que é produzido. O grande desafio é otimizar estes recursos e diminuir estas perdas, fazer uma distribuição melhor”, reitera Alves.
SANEAMENTO NÃO SE FAZ SOZINHO
Para evitar que mais da metade da água tratada vá para o ralo, o que representa desperdício de 4.304.541 m³ de água por mês, além de ações efetivas, a Águas de Teresina aposta na Educação como uma ferramenta em busca do desenvolvimento sustentável. A semente, literalmente, vem sendo plantada em alunos da rede pública municipal onde são desenvolvidos sete projetos de conscientização sobre a importância dos cuidados com o Meio Ambiente.
“Não se faz saneamento sozinho. Não adianta a gente colocar água e fazer o tratamento de esgoto se as pessoas não têm noção de como utilizá-los, se não sabem da importância da água e do uso racional. As crianças foram escolhidas como público-alvo desses projetos porque são elas que vão conviver ao longo desses 30 anos de concessão e poderão ver toda uma transformação”, completa Alves.
Entre os projetos desenvolvidos nas escolas estão o Sanear é Viver, focado na implementação de ações voltadas ao Meio Ambiente dentro conteúdo programático, e o Saúde Nota 10 que busca conscientizar os alunos sobre questões simples como, por exemplo, não escovar os dentes com a torneira ligada.
“As crianças são os grandes influenciadores dos pais, dos irmãos […] A gente começa a transformar a cabeça dessas crianças que são a geração que vão tocar o país, que vão conviver com o conceito de que a legalidade ajuda o planejamento, o uso racional permitirá que tenhamos o recurso por mais tempo e de forma mais barata, em sincronia com o meio ambiente sem agredir, a consciência sobre o lixo para que a gente não faça um estrago nos rios pior do que já tá”, elenca Pedro Alves.
O projeto Saúde Nota 10 teve início em escolas públicas na zona Norte de Teresina onde está sendo desenvolvida uma das maiores obras na área de saneamento. O impacto de ações educativas refletem diretamente não apenas no Meio Ambiente como também na Saúde. Estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que para R$ 1 em investimentos em saneamento básico, se economiza R$ 4 na área de saúde.
“Quando assumimos, Teresina tinha menos de 19% das residências cobertas com coleta e tratamento de esgoto. Era um dos piores indicadores do Brasil e o pior do Nordeste. Com algumas medidas básicas, colocamos esse número para perto de 25% de cobertura. Em dois anos, a meta é 40% da população. Alguns quilômetros de rede já foram feitos na zona Norte, trabalho que vai continuar até 2020. Com mais alguns anos vamos chegar a 60% e aí temos mais algum tempo para chegar a 90% que é a meta contratual. Por enquanto, estamos gerando um certo incômodo para a população com a colocação de tubulação, mas em breve, não vai ter mais esgoto a céu aberto”, anuncia Pedro Alves.