Violência contra minoria rohingya em Mianmar pode constituir crime contra humanidade, diz ONU

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11-06-2012rakhinestateAumento da violência contra a minoria muçulmana rohingya, no estado de Rakhine, norte de Mianmar, representa um nível de desumanização e de crueldade “revoltante e inaceitável”, alertou conselheiro especial da ONU para a prevenção do genocídio, Adama Dieng.

Entre as atrocidades relatadas em relatório das Nações Unidas estão estupros em massa, assassinatos de bebês e de crianças, espancamentos, desaparecimentos e outras violações graves dos direitos humanos.

A escalada da violência contra a população rohingya no estado de Rakhine, no norte de Mianmar, representa um nível de desumanização e de crueldade “revoltante e inaceitável”, alertou nessa segunda-feira (6) o conselheiro especial da ONU para a prevenção do genocídio, Adama Dieng. Os rohingya são uma minoria muçulmana na região.

O conselheiro afirmou que o relatório divulgado na semana passada pelo Escritório de Direitos Humanos da ONU (ACNUDH), que detalha os crimes perpetrados contra a comunidade, deu ainda mais credibilidade às alegações de que as forças de segurança do país estavam cometendo graves violações dos direitos humanos contra civis desde a recente escalada da violência, em outubro de 2016.

“Se as pessoas são perseguidas com base em sua identidade e são mortas, torturadas, estupradas e deslocadas de forma generalizada ou sistemática, isso pode equivaler a crimes contra a humanidade, e precisa parar agora”, frisou Dieng.

O conselheiro especial também expressou preocupação com o fato de a comissão previamente nomeada pelo governo para investigar as alegações não ter encontrado nenhuma evidência de qualquer irregularidade por parte das forças governamentais.

“O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos [ACNUDH], no entanto, que não teve acesso à área, encontrou vários testemunhos e outras evidências através de entrevistas com refugiados que fugiram para países vizinhos. A comissão existente não é uma opção credível para realizar a nova investigação”, ressaltou.

Ele afirmou que qualquer investigação deve ser conduzida por um órgão verdadeiramente independente e deve incluir observadores internacionais, e saudou o compromisso do governo em abrir um inquérito imediato.

“Não há mais tempo para esperar. Tudo isso está acontecendo no contexto de práticas e políticas discriminatórias profundamente enraizadas e de longa data contra os muçulmanos rohingya e por conta de uma falha no estabelecimento de condições que apoiariam a coexistência pacífica entre as diferentes comunidades no estado de Rakhine”, concluiu.

Relatório da ONU detalha ‘crueldade devastadora’ contra minoria rohingya

Na semana passada (3), o ACNUDH divulgou um relatório que detalha as violações generalizadas cometidas pelas forças de segurança de Mianmar contra a minoria rohingya na região.

Entre as atrocidades relatadas no documento estão estupros em massa, assassinatos de bebês e de crianças, espancamentos, desaparecimentos e outras violações graves dos direitos humanos.

Os investigadores das Nações Unidas entrevistaram mais de 200 pessoas na fronteira do país, do lado de Bangladesh.

O ACNUDH observou que muitos civis entrevistados confirmaram que pelo menos um de seus familiares foi assassinado ou está desaparecido. Entre as mulheres interpeladas, mais da metade foi vítima de estupro e de outras formas de violência sexual.

O relatório divulgado também trouxe exemplos fortes de assassinatos de crianças. Uma mãe contou aos especialistas da ONU que sua filha de cinco anos estava tentando protegê-la de um estupro, quando um homem pegou uma faca e cortou a garganta da criança, que não sobreviveu.

Outra vítima explicou que seu bebê de oito meses foi assassinado enquanto ela era estuprada por uma gangue, formada por cinco oficiais de segurança. O alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, declarou que “a crueldade a qual essas crianças foram submetidas é intolerável”.

O relatório também cita relatos consistentes indicando que centenas de casas da população rohingya, escolas, mercados, lojas e mesquitas foram queimadas pelo exército e pela polícia. Testemunhas também descreveram a destruição de alimentos e de plantações, incluindo campos de arroz, bem como o confisco de gado.

Fonte: Onu Brasil
Foto: OCHA (arquivo)


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