Quase 71% dos passageiros que usam trilhos no Brasil estão em São Paulo, segundo os dados da pesquisa, mas o Estado tem resultado ainda pior que a média do país
A rede de metrôs, trens urbanos e VLTs no Brasil cresceu apenas 7% entre 2012 e 2015, mesmo com planos e anúncios bilionários dos governos federal e dos Estados para aumento da malha metroferroviária.
O resultado faz com que o país hoje tenha uma malha metroferroviária de 1.062 quilômetros. Todos os metrôs do país, que somam 309 km, têm extensão menor que os metrôs das cidades de Xangai (China), Londres (Inglaterra), Nova York (EUA) e Tóquio (Japão).
Os resultados fazem parte da primeira pesquisa Transporte Metroferroviário de Passageiros, divulgada nesta segunda-feira (12) pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes) e pela ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos) que apontou para o risco de supersaturação do sistema em breve, já que o número de passageiros cresceu no mesmo período 38%, ou 170 milhões de novos usuários.
Quase 71% dos passageiros que usam trilhos no Brasil estão em São Paulo, segundo os dados da pesquisa, mas o Estado tem resultado ainda pior que a média do país.
Na rede metropolitana, a redução do intervalo entre os trens e o aumento do número de estações ajudou a abrigar o aumento do número de passageiros maior que o do tamanho do sistema que ganhou apenas seis quilômetros, passando de 251 quilômetros para 257 quilômetros (2,5% de aumento). O número de passageiros transportados cresceu de 764,2 milhões para 831,5 milhões, 9% de aumento.
Joubert Flores, presidente da ANPTrilhos, diz que as expansões são necessárias para manter a qualidade do sistema. Segundo ele, sem isso, os sistemas começam a ficar saturados e a viagem passa a ser desconfortável.
Expansão
De acordo com o levantamento, seriam necessários para o Brasil atender o crescimento da demanda aumentar a sua rede em 850 quilômetros, o que demandaria investimentos de R$ 167 bilhões.
O problema é que os recursos anunciados não chegam. Em 2013, após os protestos de rua, o governo federal lançou o PAC da Mobilidade Urbana, anunciando investimentos da ordem de R$ 143 bilhões, a maior parte deles para obras metroferroviárias.
De acordo com Bruno Batista, diretor executivo da CNT, faltaram projetos de qualidade para financiar e também recursos federais para garantir que as obras começassem.
É o caso da expansão do Metrô de Brasília. A capital federal teve aprovado um projeto de expansão de dez quilômetros de sua malha, com estimativa de custos de R$ 720 milhões.
De acordo com Marcelo Dourado, presidente do Metrô DF, o governo federal colocaria uma parte do dinheiro com recursos do orçamento da União, o que foi aprovado pelo Congresso, mas o dinheiro nunca foi disponibilizado. O resultado é que há dois anos e meio o projeto está pronto, mas não pode ser licitado. “Infelizmente, os trilhos ainda não são prioridade”, afirmou Dourado.
Flores diz que a solução para a expansão da rede terá que passar necessariamente por maior número de parcerias com a iniciativa privada para a construção e manutenção de metrôs e trens mas que, para isso, serão necessárias regras mais estáveis para os investimentos.
“Para dar segurança ao investidor, é preciso garantia de estabilidade nas regras. Garantia de que o serviço vai ser bem prestado e o contratado vai ter o resultado previsto. Isso mitiga riscos e faz as pessoas investirem. Dinheiro no mundo tem”, disse Flores.
Fonte: Mobilize Brasil