O acompanhamento pré-natal é essencial para garantir uma gestação saudável e um parto seguro e também para esclarecer as dúvidas das futuras mães. Com o objetivo de melhorar o acesso, a cobertura e a qualidade desse atendimento, o Ministério da Saúde lançou, em 2000, o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN). Ele incentiva as gestantes a buscarem o Sistema Único de Saúde (SUS) e estabelece que sejam realizadas, no mínimo, seis consultas: uma no primeiro trimestre de gravidez, duas no segundo e três no terceiro. Em todas elas, o médico deve medir a pressão arterial, o tamanho da barriga e o peso da futura mãe e também escutar o coração do bebê.
“O pré-natal diminui os riscos de complicações e mantém o bem-estar da mãe e do feto”, afirma a ginecologista Carolina Ambrogini, coordenadora do Projeto Afrodite de Sexualidade Feminina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Com as consultas e exames, é possível identificar problemas como hipertensão, anemia, infecção urinária e doenças como a Aids e a sífilis, que podem prejudicar a gravidez e a formação do bebê.
Além disso, durante esse acompanhamento, a gestante recebe informações sobre cuidados importantes, como aleitamento materno, alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos. Com relação aos exames, o indicado para uma gravidez sem complicações são os testes de sangue, glicemia, urina, sorologia anti-HIV (que identifica presença do vírus da Aids), sífilis, hepatites B e C, toxoplasmose, rubéola e estreptococo. Durante o pré-natal, o médico também pode indicar a necessidade de a grávida tomar vacinas contra hepatite, gripe e dT (dupla adulto contra difteria e tétano) e realizar exames de sangue para verificar os níveis dos hormônios da tireoide, que regulam o organismo da mãe e o desenvolvimento do feto.
No caso das gestantes com fator Rh negativo, também é importante realizar o exame de sangue Coombs indireto, que verifica se o organismo dela está produzindo anticorpos contra o sangue de bebês Rh positivos. Esse problema é conhecido como doença hemolítica perinatal, causada pela incompatibilidade entre os sistemas sanguíneos materno e fetal. Em caso positivo, a grávida toma uma dose da vacina Rhogam por volta da 28ª semana de gestação e outra até 72 horas após o parto. Geralmente, a doença não apresenta complicações na primeira gravidez, mas nas gestações seguintes pode provocar anemia, icterícia e até quadros de insuficiência cardíaca ou hepática na criança.
É possível ainda que sejam solicitados outros exames, mais específicos, se a gestação for de alto risco, ou seja, quando a mãe apresenta condições como obesidade, diabetes, problemas cardíacos e histórico de aborto, por exemplo. “Nesses casos, o pré-natal requer maior atenção e a gestante deve ser encaminhada para hospitais ou centros de saúde que possam cuidar melhor da gestação. Mas isso é avaliado e indicado pelo obstetra”, complementa Rosiane Mattar, membro da Comissão de Gestação de Alto Risco da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
O governo federal criou o programa Rede Cegonha, que será ligado ao SUS e irá disponibilizar vale-transporte para que elas compareçam às consultas do pré-natal e realizem os exames essenciais. Quem fizer o acompanhamento completo receberá também um vale-táxi para ir à maternidade. O programa ainda oferece novos exames, como o teste rápido de gravidez e sífilis e a ampliação do número de ultrassonografias – atualmente, o SUS paga cerca de 10% dos exames e passará a pagar 100%. Para gestações de alto risco, o Rede Cegonha também prevê novos exames, como a cardiotocografia, que avalia a frequência cardíaca do bebê, e eletrocardiograma, que detecta alterações cardíacas da grávida.
A meta do Governo é levar as ações inseridas na Rede Cegonha a todo o país até 2014. O cronograma de implantação priorizará as regiões com os mais altos índices de mortalidade materna e infantil e as de maior concentração de gestantes.
Fonte: Portal Brasil