Na América Latina e no Caribe, as leguminosas têm competido com cultivos mais comerciais e de exportação que ocupam áreas com melhores solos e de mais fácil irrigação, afirmou a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
“As novas gerações estão perdendo o conhecimento sobre as formas de produção, consumo e preparação de leguminosas. Trata-se de um tesouro latino-americano que está em risco”, disse Allan Hruska, da FAO, destacando a importância de defender os alimentos nativos e nutritivos frente à pressão comercial das comidas processadas na América Latina e no Caribe.
Na América Latina e no Caribe, as leguminosas têm competido com cultivos mais comerciais e de exportação que ocupam áreas com melhores solos e de mais fácil irrigação, afirmou na semana passada (30) a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Segundo uma pesquisa feita pela FAO na região, nas últimas décadas a produção de leguminosas migrou para as regiões mais secas, o que gerou uma queda em seus rendimentos, competitividade, volumes produzidos e no número de produtores que as cultivam.
O consumo de leguminosas também diminuiu. Atualmente, existe certo estigma social, que associa esse alimento aos extratos mais pobres da sociedade, fato reforçado pela falta de educação e informação sobre benefícios alimentares e grande potencial agrícola.
“As novas gerações estão perdendo o conhecimento sobre as formas de produção, consumo e preparação de leguminosas. Trata-se de um tesouro latino-americano que está em risco”, disse Allan Hruska, da FAO, destacando a importância de defender os alimentos nativos e nutritivos frente à pressão comercial das comidas processadas na América Latina e no Caribe.
Durante este ano, a FAO trabalhou com governos e associações de produtores para revalorizar e reposicionar as leguminosas como alimentos estratégicos para a segurança alimentar e a superação da pobreza rural.
Tremoço: um tesouro nutricional, ambiental e estético
O governo do Equador e a FAO impulsionaram a pesquisa científica sobre o tremoço, uma leguminosa originária dos Andes, através de um simpósio regional em Quito, no Equador, na semana passada (1), com a participação de produtores e profissionais de Peru e Bolívia.
O cultivo do tremoço ocorre em diferentes sistemas de produção do Equador ao Chile e no nordeste da Argentina, já que tem alta tolerância a solos pobres, secas e baixas temperaturas, além de produzir flores de grande beleza e valor decorativo.
Junto a outros cultivos de origem andina, o tremoço teve um papel importante nos sistemas de produção andinos e na alimentação da população indígena antes da conquista espanhola.
Do ponto de vista agronômico, é reconhecido como uma das leguminosas mais eficientes na fixação do nitrogênio atmosférico — e, portanto, um dos melhores adubos verdes.
Na alimentação, o tremoço pode ser utilizado de diferentes formas, tanto em grão inteiro como processado em saladas e doces. Seu conteúdo nutricional inclui proteínas, fibras, cálcio, ferro, zinco e gorduras.
Agricultores familiares: guardiões das leguminosas
Segundo a FAO, os agricultores familiares são os que ainda preservam o saber e os costumes que os governos precisam para recuperar as leguminosas da região.
A agricultura familiar não perdeu o hábito de produzir leguminosas, mantendo redes de troca de sementes no nível dos produtores e práticas ancestrais de manejo, as quais requerem apoio estatal para continuar.
O clima em muitas partes da região possibilita a produção de leguminosas com qualidade e diversidade em pouco tempo, o que permite aos agricultores gerar renda de forma mais rápida.
As leguminosas têm um papel importante como uma alternativa produtiva para as regiões com terrenos marginais e de seca, permitindo a recuperação de solos degradados.
Graças à sua capacidade de adaptação a todo tipo de solos e à relativa falta de cuidados que requerem, as leguminosas são um insumo chave para os agricultores, já que como fixadoras de nitrogênio, aportam adubos verdes que permitem a recuperação e conservação dos solos.
As leguminosas contam também com uma grande diversidade genética e podem ser muito atraentes para os consumidores se estes tiverem a informação necessária, tornando necessário ampliar a divulgação de suas propriedades, preparações e benefícios nutricionais.
Fonte: Onu Brasil