UNESCO apoia seminário em São Paulo sobre esportes de povos tradicionais

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Jogos e esportes praticados por populações tradicionais, como indígenas, quilombolas, caiçaras e ribeirinhos, fazem parte do vasto patrimônio da cultura imaterial e correm o risco de serem esquecidos caso os devidos cuidados não sejam tomados. Seminário na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da Universidade de São Paulo (USP) debate estratégias para proteger práticas culturais.

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Jogos e esportes praticados por populações tradicionais — como indígenas, quilombolas, caiçaras e ribeirinhos — fazem parte do vasto patrimônio da cultura imaterial e correm o risco de serem esquecidos caso os devidos cuidados não sejam tomados.

No Brasil, eles ainda são pouco estudados nos cursos superiores de áreas como Educação Física e Ciências Humanas, mesmo podendo contribuir para a pesquisa sobre o esporte de alto rendimento. Outros temas que podem ser abordados com estudantes a partir dessas tradições incluem a relação entre cultura, meio ambiente e lazer.

Para reverter esse cenário, a Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da Universidade de São Paulo (USP) realiza – em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o SESC e a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP – o II Seminário Internacional de Jogos Tradicionais e Lazer. Realizado na própria EEFE, o evento teve início na quarta-feira (23) e vai até sábado.

Até o final da semana, acontecem debates, oficinas, intervenções culturais, exposições e um festival de jogos tradicionais. Segundo o oficial de projeto da área de Ciências Humanas e Sociais da UNESCO, Fábio Eon, esses esportes “são importantes referências para a educação de um povo”. “Graças à sua transversalidade, é possível trabalharmos aspectos ligados à cultura, à educação e à identidade de uma nação”, disse.

O especialista lembra que, muitas vezes, os jogos já são reconhecidos como patrimônio imaterial, como é o caso da Capoeira, no Brasil. Para Eon, o esporte é um veículo poderoso para a inclusão social, a igualdade de gênero e o empoderamento da juventude.

O seminário busca fortalecer o debate na América Latina sobre práticas esportivas de povos tradicionais e autóctones. Essa é uma recomendação prevista pela UNESCO na Declaração de Punta del Este (1999, em inglês) e na Carta Internacional da Educação Física, da Atividade Física e do Esporte (2015), que enfatizam a importância tanto da promoção de eventos internacionais sobre o tema, quanto da organização de um registro internacional sobre jogos tradicionais em risco de extinção.

Além de profissionais e estudantes da área de esportes e representantes de comunidades, o evento conta com a participação de dois professores colombianos, que irão compartilhar as experiências de seu país. A Colômbia tem apresentado um trabalho significativo na proteção e valorização dos jogos tradicionais, com diferentes festivais sobre as culturas nativas, aponta a UNESCO.

Recentemente, outro exemplo de país bem-sucedido na valorização dos modos de vida dos povos autóctones também foi apresentado no Brasil: o México, onde o ensino dos jogos tradicionais se tornou obrigatório no currículo da Educação Física escolar de toda a nação.

Durante o seminário, a UNESCO também apresenta a Biblioteca Digital Aberta, iniciativa global que visa a utilizar novas tecnologias de comunicação e informação (TICs) para preservar jogos e esportes tradicionais.

As recomendações do evento na USP serão levadas ao encontro internacional de especialistas em jogos tradicionais organizado pela UNESCO em Beijing e previsto para o início de dezembro. O objetivo é consolidar uma plataforma virtual de acesso aberto que servirá como repositório de informações que podem ajudar países e comunidades a salvaguardar suas tradições.

Fonte: Onu Brasil
Foto: ONU


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